quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Súplica



Olha pra mim, amor, olha pra mim;

Meus olhos andam doidos por te olhar!

Cega-me com o brilho de teus olhos

Que cega ando eu há muito por te amar.


O meu colo é arrninho imaculado

Duma brancura casta que entontece;

Tua linda cabeça loira e bela

Deita em meu colo, deita e adormece!


Tenho um manto real de negras trevas

Feito de fios brilhantes d'astros belos

Pisa o manto real de negras trevas

Faz alcatifa, oh faz, de meus cabelos!


Os meus braços são brancos como o linho

Quando os cerro de leve, docemente...

Oh! Deixa-me prender-te e enlear-te

Nessa cadeia assim eternamente!...


Vem para mim, amor... Ai não desprezes

A minha adoração de escrava louca!

Só te peço que deixes exalar

Meu último suspiro na tua boca!...


(Florbela Espanca)

Nenhum comentário: